2 poemas
L’union libre
Ma femme à la chevelure de feu de bois
Aux pensées d’éclairs de chaleur
A la taille de sablier
Ma femme à la taille de loutre entre les dents du tigre
Ma femme à la bouche de cocarde et de bouquet d’étoiles
de dernière grandeur
Aux dents d’empreintes de souris blanche sur la terre blanche
A la langue d’ambre et de verre frottés
Ma femme à la langue d’hostie poignardée
A la langue de poupée qui ouvre et ferme les yeux
A la langue de pierre incroyable
Ma femme aux cils de bâtons d’écriture d’enfant
Aux sourcils de bord de nid d’hirondelle
Ma femme aux tempes d’ardoise de toit de serre
Et de buée aux vitres
Ma femme aux épaules de champagne
Et de fontaine à têtes de dauphins sous la glace
Ma femme aux poignets d’allumettes
Ma femme aux doigts de hasard et d’as de cœur
Aux doigts de foin coupé
Ma femme aux aisselles de martre et de fênes
De nuit de la Saint-Jean
De troène et de nid de scalares
Aux bras d’écume de mer et d’écluse
Et de mélange du blé et du moulin
Ma femme aux jambes de fusée
Aux mouvements d’horlogerie et de désespoir
Ma femme aux mollets de moelle de sureau
Ma femme aux pieds d’initiales
Aux pieds de trousseaux de clés aux pieds de calfats qui boivent
Ma femme au cou d’orge imperlé
Ma femme à la gorge de Val d’or
De rendez-vous dans le lit même du torrent
Aux seins de nuit
Ma femme aux seins de taupinière marine
Ma femme aux seins de creuset du rubis
Aux seins de spectre de la rose sous la rosée
Ma femme au ventre de dépliement d’éventail des jours
Au ventre de griffe géante
Ma femme au dos d’oiseau qui fuit vertical
Au dos de vif-argent
Au dos de lumière
A la nuque de pierre roulée et de craie mouillée
Et de chute d’un verre dans lequel on vient de boire
Ma femme aux hanches de nacelle
Aux hanches de lustre et de pennes de flèche
Et de tiges de plumes de paon blanc
De balance insensible
Ma femme aux fesses de grès et d’amiante
Ma femme aux fesses de dos de cygne
Ma femme aux fesses de printemps
Au sexe de glaïeul
Ma femme au sexe de placer et d’ornithorynque
Ma femme au sexe d’algue et de bonbons anciens
Ma femme au sexe de miroir
Ma femme aux yeux pleins de larmes
Aux yeux de panoplie violette et d’aiguille aimantée
Ma femme aux yeux de savane
Ma femme aux yeux d’eau pour boire en prison
Ma femme aux yeux de bois toujours sous la hache
Aux yeux de niveau d’eau de niveau d’air de terre et de feu.
A união livre
Minha mulher com os cabelos de fogo de lenha
com pensamentos de relâmpagos de calor
com cintura de ampulheta
Minha mulher com cintura de lontra entre os dentes de tigre
Minha mulher com a boca de cocar e fragrância de estrelas
de primeira magnitude
com dentes de rastros de rato branco na terra branca
com a língua de âmbar e de vidro cinzelado
Minha mulher com língua de hóstia apunhalada
com língua de boneca que abre e fecha os olhos
com língua de pedra incrível
Minha mulher com cílios de lápis de caligrafia infantil
com sobrancelhas de borda de ninho de andorinha
Minha mulher com têmporas de ardósia de telhado de estufa
e de vapor nos vidros
Minha mulher com ombros de champanhe
e de fonte com cabeças de delfins sob o gelo
Minha mulher com pulsos de fósforos
Minha mulher com dedos de acaso e de ás do coração
com dedos de feno cortado
Minha mulher com axilas de marta e nozes de faia
de noite de São João
de ligustro e de ninho de escalares
com braços de espuma de mar e de esclusa
e de mistura de trigo e de moinho
Minha mulher com pernas foguete
com movimentos de relojoaria e desespero
Minha mulher com panturrilhas de polpa de sabugo
Minha mulher com pés de iniciais
com pés de molho de chaves e de calafates que bebem
Minha mulher com pescoço de cevada perolada
Minha mulher com garganta de Vale de Ouro
de encontro marcado no próprio leito da torrrente
Com seios de noite
Minha mulher com seios de toca marinha
Minha mulher com seios de crisol de rubis
com seios de espectro de rosa orvalhada
Minha mulher com ventre de abrir o leque dos dias
Com ventre de garra gigante
Minha mulher com dorso de pássaro que foge vertical
com dorso de mercúrio
com dorso de luz
com nuca de pedra rodada e de giz molhado
e da queda de um copo em que se bebeu
Minha mulher com quadris de canoa
com quadris de lustro e de penas de flecha
e de caule de plumas de pavão branco
de balanço insensível
Minha mulher com ancas de arenito e de amianto
Minha mulher com ancas de costas de cisne
com ancas de primavera
De sexo de gladíolo
Minha mulher com sexo de jazida e de ornitorrinco
Minha mulher com sexo de alga e de bombons antigos
Minha mulher com sexo de espelho
Minha mulher com olhos cheios de lágrimas
com olhos de panóplia violeta e de agulha imantada
Minha mulher com olhos de savana
Minha mulher com olhos d’água para beber na prisão
Minha mulher com olhos de madeira sempre sob o machado
com olhos de nível d’água de nível de ar de terra e de fogo
Tournesol
à Pierre Reverdy
La voyageuse qui traversa les Halles à la tombée de l’été
Marchait sur la pointe des pieds
Le désespoir roulait au ciel ses grands arums si beaux
Et dans le sac à main il y avait mon rêve ce flacon de sels
Que seule a respiré la marraine de Dieu
Les torpeurs se déployaient comme la buée
Au Chien qui fume
Où venaient d’entrer le pour et le contre
La jeune femme ne pouvait être vue d’eux que mal et de biais
Avais-je affaire à l’ambassadrice du salpêtre
Ou de la courbe blanche sur fond noir que nous appelons pensée
Le bal des innocents battait son plein
Les lampions prenaient feu lentement dans les marronniers
La dame sans ombre s’agenouilla sur le Pont-au-Change
Rue Gît-le-Cœur les timbres n’étaient plus les mêmes
Les promesses des nuits étaient enfin tenues
Les pigeons voyageurs les baisers de secours
Se joignaient aux seins de la belle inconnue
Dardés sous le crêpe des significations parfaites
Une ferme prospérait en plein Paris
Et ses fenêtres donnaient sur la voie lactée
Mais personne ne l’habitait encore à cause des survenants
Des survenants qu’on sait plus dévoués que les revenants
Les uns comme cette femme ont l’air de nager
Et dans l’amour il entre un peu de leur substance
Elle les intériorise
Je ne suis le jouet d’aucune puissance sensorielle
Et pourtant le grillon qui chantait dans les cheveux de cendre
Un soir près de la statue d’Étienne Marcel
M’a jeté un coup d’œil d’intelligence
André Breton a-t-il dit passe
Girassol
a Pierre Reverdy
A viajante que atravessa os Halles no fim do verão
ia na ponta dos pés
O desespero fazia girar no céu seus enormes lírios tão belos
E na bolsa estava meu sonho esse frasco de sais
que só foi aspirado pela madrinha de Deus
O torpor avançava como névoa
No Cão que fuma
onde o pró e o contra recém entraram
A jovem não podia ser vista por eles senão mal e de soslaio
Me encontrava diante da embaixadora do salitre
ou da curva branca sobre o fundo negro que chamamos pensar?
O baile dos inocentes chegava ao apogeu
Lentamente faróis se incendiavam entre as castanheiras
A dama sem sombra ajoelhou na Ponte da Mudança
Rua Aqui-jaz-o-coração os selos não eram os mesmos
As promessas noturnas enfim se cumpriam
Os pombos-correio os beijos de socorro
se uniam aos seios da bela desconhecida
Dardos sob a gaze dos significados perfeitos
Uma granja prosperava em pleno Paris
Suas janelas davam à Viá-Láctea
Mas ali mais ninguém vivia por causa dos sobreviventes
Os sobreviventes que como sabemos são mais devotos que os fantasmas
Alguns como esta mulher tem o ar de nadar
e no amor entra um pouco da sua substância
Ela os interioriza
Eu não sou joguete de nenhuma potência sensorial
E ainda o grilo que canta nos cabelos de cinza
um anoitecer perto da estátua de Étienne Marcel
me lançou um olhar de inteligência
André Breton ele disse passa