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Sandro Penna

12 poemas

 

*

Era l’alba sugli umidi colli
e la luna danzava ancora assorta
colle lepri del sogno. La lattaia
discendeva il suo colle. Ognuno amava
la propria casa come una scoperta.

 

Amanhecia nas colinas orvalhadas
e a lua dançava ainda absorta
com as lebres do sonho. A leiteira
descia a sua colina. Cada um amava
sua casa como uma descoberta

 

*

La vita… è ricordarsi di un risveglio
triste in un treno all’alba: aver veduto
fuori la luce incerta: aver sentito
nel corpo rotto la malinconia
vergine e aspra dell’aria pungente.

Ma ricordarsi la liberazione
improvvisa è più dolce: a me vicino
un marinaio giovane: l’azzurro
e il bianco della sua divisa e fuori
un mare tutto fresco di colore.

 

A vida… é lembrar de um despertar
triste em um trem na alvorada. Ter visto
fora a luz incerta. Ter sentido
no corpo roto a melancolia
virgem e áspera do ar pungente

Mas recordar a libertação
repentina é mais doce. Junto a mim
um jovem marinheiro, o azul
e branco do seu uniforme, e fora
o colorido todo novo do mar

 

*

Nel sonno incerto sogno ancora un poco.
È forse giorno. Dalla strada il fischio
di un pescatore e la sua voce calda
A lui risponde una voce assonnata.

Trasalire dei sensi – con le vele,
fuori, nel vento? – lo sogno ancora un poco.

 

No sono incerto sonho ainda um pouco
É dia talvez. Da estrada o assovio
de um pescador e à sua voz quente
responde outra voz sonolenta

Palpitar dos sentidos – com as velas
fora, no vento? – Eu sonho ainda um pouco

 

*

Basta all’amore degli adolescenti
sentirsi possedere
dal sole entro la sabbia calda immoti.

Tutto è così. Non viene un forte vento
a rovesciare la calma accecante.

La sera, all’ombra della cattedrale,
con gridi e gridi giocano i fanciulli.

Ma nel silenzio è inutile la voce
anche delle campane.

 

Basta o amor dos adolescentes
sentir-se possuir
pelo sol na areia ardente imóveis

Tudo é assim. Não vem um forte vento
revirar a calma ofuscante

Na tarde, à sombra da catedral
com gritos e gritos brincam as crianças

Mas no silêncio é inútil mesmo
a voz dos sinos

 

*

È pur dolce il ritrovarsi
Per contrada sconosciuta.
Un ragazzo con la tuta
Ora passa accanto a te

Tu ne pensi alla sua vita
– a quel desco che l’aspetta.
E la stanca bicicletta
Ch’egli posa accanto a sé

Ma tu resti sulla strada
Sconosciuta ed infinito.
Tu non chiedi alla tua vita
Che testare ormai com’è.

 

É doce o reencontro
no escondido desvão
Um rapaz de moletom
passa agora por ti

Tu pensas na sua vida
– no repasto que lhe espera
E a cansada bicicleta
que ele recosta em si

Mas permaneces no beco
escondido e infinito
Já não pedes à tua vida
mais que provar como é

 

*

Cimitero di campagna

Fra la gioia dei grilli
oscure fiaccole.
E in alto le stelle.

Al giovane cuore
la riposata ridda
delle solari
gesta del giorno.

Ma un’ansia i ridenti occhi
già turba
al fanciullo venuto
per gioia con me.

 

Cemitério campestre

Entre a alegria dos grilos
escuros círios
E no alto as estrelas

Ao jovem coração
a vagarosa vertigem
dos solares
feitos do dia

Mas uma ânsia já perturba
os olhos risonhos
do menino vindo
por alegria comigo

 

*

Se la notte d’estate cede un poco
su la riva del mare sorgeranno
– nati in silenzio come i suoi colori –
uomini nudi e leggeri che vanno.

Ma come il vento muove il mare, muovono
anche, gridando, gli uomini le barche.

Sorge sull’ultimo sudore il sole.

 

Se a noite de verão ceder um pouco
da orla do mar surgirão
– em silêncio como as suas cores –
homens leves e nus que vão

E como o vento move o mar, os homens
também movem, aos gritos, seus barcos

Sobre o último suor o sol surge

 

*

Notte – sogno di sparse
finestre illuminate.
Sentire la chiara voce
dal mare. Da un amato
libro veder parole
sparire… – Oh stelle in corsa
l’amore della vita!

 

Noite – sonho de esparsas
janelas iluminadas
Ouvir a voz clara
do mar. De um livro
amado ver as palavras
sumirem… – Ah estrelas em fuga
o amor da vida

 

Città

Livida alba, io sono senza dio.

Visi assonnati vanno per le vie
sepolti sotto fasci d’erbe diacce.
Gridano al freddo vuoto i venditori.

Albe più dense di colori vidi
su mari su campagne inutilmente.

Mi abbandono all’amore di quei visi.

 

Cidade

Lívido alvor, estou sem deus

Vão pelas ruas sonolentas faces
sepultadas em feixes de pasto gelado
Ao frio vazio gritam os vendedores

Alvores mais densos de cores vi
inutilmente por campos e mares

Me rendo ao amor daquelas faces

 

*

Era l’alba sui colli, e gli animali
ridavano alla terra i calmi occhi.
Io tornavo alla casa di mia madre.
Il treno dondolava i miei sbadigli
acerbi. E il primo vento era sull’erbe.

Altissimo e confuso, il paradiso
della mia vita non aveva ancora
volto. Ma l’ospite alla terra, nuovo,
già chiedeva l’amore, inginocchiato.

Cadeva la preghiera nella chiusa
casa entro odore di libri di scuola.
Navigavano al vespero felici
gridi di uccelli nel mio cielo d’ansia.

 

Era a aurora nas colinas e os animais
voltavam à terra os olhos calmos
Eu retornava à casa materna
O trem ninava meus imaturos
bocejos. E o primeiro vento era na relva

Altíssimo e confuso, o paraíso
da minha vida não tinha ainda
vulto. Mas o hóspede da terra, novo
já pedia amor, ajoelhado

Caía a prece na casa clausurada
com cheiro de livros escolares
Ao poente navegavam felizes
gritos de aves no meu céu de ânsia

 

*

Se son malato vago tra la folla
del sobborgo. Ma l’umido grigiore
invernale mi rende triste e solo.
A soffi sale sulla via un afrore
caldo da una palestra sotterranea
ove giovani e nude belve assalgono
nemici immaginari, in basso a scatti soffiando.
Un vecchio mendicante guarda,
con me, la scena senza nostalgie.

 

Se adoeço vago entre as pessoas
do subúrbio. Mas o cinza úmido
invernal me entristece, solitário
Aos bafos sobe a rua um ranço
quente de um ginásio subterrâneo
onde jovens e feras nuas submetem
rivais imaginários, arfa de baixo em lufadas
Um velho mendigo observa
comigo, a cena sem nostalgia

 

*

L’aria di primavera
invade la città.
Ai fanciulli la sera
cresce un poco l’età.

 

O ar da primavera
invade a cidade
Aos meninos a tarde
amadurece a idade

 

tan editorial

Idealizada por Thomaz Albornoz Neves, a chancela tan ed. reúne títulos  de autores cisplatinos e afins. São obras de fotografia, arte, poesia, ensaio e relato escritas em português e espanhol (com alguma pitada de portunhol). O empreendimento é solitário, sazonal e sem fins lucrativos. Os livros têm a mesma identidade gráfica e são, na sua maioria, ilustrados com desenhos do editor. A tiragem varia entre 75 e 300 exemplares numerados.