Thomaz Guilherme Albornoz Neves (Sant'Ana do Livramento, 23 de dezembro de 1963) é um poeta brasileiro com a trajetória traçada à margem da tradição lírica nacional. I Sua poesia, escrita entre 1981 e 2018, está reunida no volume À espera de um igual. São seis livros que podem ser lidos como um só. Neles, o surrealismo extemporâneo desemboca em uma intensa concisão formal desintegrada pelo enfrentamento com o silêncio. Firmemente estruturados no presente, os versos de À espera de um igual partem da realidade para transcendê-la. Seja por impulso de origem, seja por busca de realização, esta é uma obra aberta à espiritualidade. Albornoz Neves fez as primeiras letras no ensino público de sua fronteira natal sobre a qual pesava dois regimes de exceção, o da ditadura uruguaia sobre Rivera e o da brasileira sobre Livramento. No Rio de Janeiro, termina o curso de Direito sem exercer a profissão e o mestrado em Letras sem ingressar na carreira acadêmica. Abandona estudos de cinema em Roma. Ainda inédito no circuito literário, viaja pelo Brasil, América do Sul e Portugal lendo seus poemas. Escreve seis livros de poesia enquanto vive de bicos entre Londres, Florença, Sicília, Montevidéu, Paso de los Toros e Sant’Ana do Livramento. II Há poetas que nascem de uma língua e outros que nascem apesar dela. Thomaz Albornoz Neves pertence a esta segunda categoria. O que define sua singularidade é uma condição que transcende a geografia: a de quem escreve naturalmente “entre” línguas, “entre” tradições, “entre” mundos.¹ Sua poesia nasce deste lugar indefinível onde as fronteiras se dissolvem e se recompõem continuamente. Ao longo de mais de três décadas, Albornoz Neves construiu uma obra coerente e inclassificável na poesia brasileira contemporânea. Coerente porque mantém, do primeiro ao último livro, uma fidelidade à sua visão particular do real. Inclassificável porque essa visão resiste a enquadramentos estéticos ou geracionais. É uma poesia que parece escrita em estado de levitação, suspensa entre o peso da experiência e a leveza da contemplação. Renée (1981-1985) Thomaz Albornoz Neves estreia com a plaquette Renée, em 1985. Vinte e um poemas de amor, sua descoberta, deslumbramento e despedida. Escritos em primeira pessoa, os versos são claros, em sua maioria breves, com uma tardia e leve pátina surrealista. Bruno Tolentino situaria depois a primeira obra: “na juventude do autor havia lido Éluard e os surrealistas en bloc”, influência que se manifesta na linguagem imagética e na exploração do onírico.² O ciclo amoroso estrutura-se em uma sucessão de instantâneos onde cada poema funciona como uma parte que projeta sua totalidade. “Sardas morenas, olheiras de nascença / Algo novo no silêncio / – quase um halo –” – a estrofe de abertura antecipa sua poética da concentração. No erotismo metafísico de Renée os corpos funcionam como portas de acesso ao absoluto. O amor é descoberta ontológica, experiência que dissolve as fronteiras entre o eu e o outro, criando um espaço de indeterminação onde emerge outra consciência. No poema XXI, quintessência da reunião: “Um poema sobre o destino / que desperte o futuro na memória” Albornoz apresenta o paradoxo – despertar o futuro na memória – e sintetiza a concepção temporal que permeará seus próximos poemas: o tempo não é linear, mas circular, passado e futuro se interpenetram. Renée -multilíngue- (1989) Durante sua estadia em Lavínio, litoral de Óstia, em 1989, Albornoz reescreve Renée em versão multilíngue. “No lugar do autor traduzindo seus próprios poemas, os oferece em cinco idiomas sem determinar um original. Discorrer pelo sentido dos versos com um vocabulário multilíngue, mas fiel a uma única voz, refrata a leitura, logo a amplia. Sugere que a poesia é a mesma em qualquer idioma. Em si o poeta não muda, o poema é que varia conforme a época e a cultura.”³ Cada versão – portuguesa, italiana, espanhola, francesa ou inglesa – explora as potencialidades expressivas dos idiomas sem buscar equivalência semântica. O resultado é uma composição em cinco movimentos, onde o mesmo impulso poético se desdobra em variações distintas. O experimento antecipa recorrências: a identidade autoral, a relativização da originalidade, a poesia como fenômeno que transcende o idioma. Renée -multilíngue- permite entrever os poemas não tanto apenas “em” cada língua, mas no intervalo entre elas e na soma desses intervalos. O sono (1990) O sono, escrito na temporada romana de Lavínio traz contenção formal e aprofundamento da dimensão metafísica. A diferença em relação ao livro anterior é notável: se Renée -multilíngue- explora a multiplicidade, este livro concentra-se na unidade através de uma economia extrema. É como se o poeta tivesse descoberto que a profundidade deve antes à subtração que à adição. Impressos em um rolo mimeografado numa papelaria de Nettuno, os poemas fragmentam-se em “móbiles gráficos e sonoros”. Na leitura contínua, o branco da página funciona como campo semântico. José Lino Grünewald reconhece: “é uma trilha de flashes naquele vai e vem imagem/ideia. A vertente Ungaretti. A imantação Montale. Um dos maiores e mais ricos poemas dos últimos anos.” A técnica de captação do instante é própria. Os poemas funcionam como fotografias de longa exposição, onde o movimento se cristaliza em imobilidade aparente. O erotismo, tão presente no livro anterior, aqui vira contemplação metafísica. O corpo no escuro se torna simultaneamente presença e ausência, forma e vazio, ser e não-ser. “Do escuro te contemplas / És o lago do olhar / na ausência dos olhos” – o paradoxo não é retórico, mas revelação de uma realidade mais sutil que a fenomenológica. Em O sono, nessa primeira maturação, encontra sua voz definitiva: uma dicção despojada, quase sussurrada, capaz de articular o inarticulável. O poema pode ser lido como uma única meditação sobre a natureza da percepção e da linguagem. Um Certo Dante e o Pós-escrito a Dante Milano (1995) (O confronto com o sistema literário) Os anos 1990 representam a década da experimentação formal, mas também do confronto com as estruturas do sistema literário brasileiro.⁴ Enquanto cursa o mestrado em Historiografia Literária na PUC-RJ, entre 1993 e 1995, Albornoz é editor-adjunto da revista Poesia Sempre, publicada pela Biblioteca Nacional e convive com nomes que ocuparam o espaço das gerações modernistas anteriores no ambiente literário carioca. A experiência marcará definitivamente sua relação com o meio.
A condição de Albornoz Neves é precária: “bolsista no mestrado em Letras”, “vive de favor em um apartamento de estação em Copacabana e mal chega ao dia 30 somando as entradas com a produção de peças de teatro, resenhando livros estrangeiros para editoras, escrevendo cacos para roteiros de quinta categoria”. Mantém-se deliberadamente “em trânsito”, levando já "mais de quinze anos percorrendo sebos, livrarias e bibliotecas públicas de Montevidéu a Porto Alegre, de Londres a Florença, de Sicília à Roma, de Medellín a Buenos Aires sem outro interesse além dos livros”. É um peixe fora d’água também na Universidade. “Para ele, o conhecimento acadêmico se afasta da vida ao priorizar o estudo das formas de estudar uma obra sobre o seu significado inerente.” Tal inadequação é, comentaria mais tarde em uma conversa gravada por seu amigo de infância, José Secundino, “uma reação ingênua, determinada pelo mesmo purismo romântico formado na biblioteca do século XIX, dos meus avós. Eu me ressentia da poesia não ser para os outros o que era para mim: uma liturgia”. Por exclusão, as circunstâncias o conduzem a tornar Dante Milano objeto da sua dissertação. A escolha não se baseia em afinidade poética – “Via de regra, lê em Milano um rigor quase mecânico, um empenho contra a imperfeição que artificializa o impulso poético” – mas em certa identificação existencial: “Pela reclusão de Dante e sua indiferença à vida pública tentaria responder questões que haviam se tornado também suas.” A biografia está composta por entrevistas, depoimentos, fortuna crítica e acervo iconográfico sobre o poeta. Revela os mecanismos que avalizam o reconhecimento de um autor no meio literário brasileiro. Indaga se apenas o valor do texto é suficiente para que uma obra pertença ao cânone do seu tempo ou se a sua forma de transmissão (editorial), sua recepção (fortuna crítica) e o pós-processamento crítico (o meio acadêmico) são igualmente determinantes para a consagração de um poeta. Albornoz Neves desenvolve “um formato biográfico provocativo e experimental”. O método construtivista permitiria “a existência de uma biografia sem biógrafo, feita apenas com os elementos da pesquisa de campo”.⁷ A dissertação, defendida em 1995, contém uma revelação metodológica particular: “Considerando que cada um dos atores presentes no material de campo cria mediante sua atuação retratos de si ao se referirem aos outros”, o biógrafo deve integrar o mesmo “panorama cultural estudado”. Entretanto, Albornoz não previu que “ao desconstruir as convenções históricas tradicionais, testemunharia a desconstrução da sua própria identidade”. A radicalidade metodológica, coerente com seus pressupostos teóricos, revelou-se uma experiência existencial devastadora. Como escreveria retrospectivamente no Pós-escrito: “Uma espécie de erosão dissociativa acabou por consumir a ficção de ser um escritor pelo mundo e avançou até varrer toda a sua história pessoal.” O projeto acadêmico e a convivência com o meio literário transformou-se em uma crise de identidade da qual o autor tardaria em se recuperar. Originalmente defendida como dissertação de mestrado em 1996 esta biografia do poeta Dante Milano (1899-1991) foi reescrita em 2022 e publicada pela tan ed. acrescida de um pós-escrito que aprofunda a análise da obra milaniana e do sistema de legitimação de um poeta no meio literário modernista brasileiro. Sol sem imagem (1996) Da temporada em Portugal como escritor residente no Palácio Fronteira, Thomaz Albornoz Neves traz os originais de seu terceiro livro, o primeiro publicado por editora comercial. Sol sem Imagem (1996) representa o momento de maturidade da primeira fase e marca seu reconhecimento pela crítica especializada. Tolentino identifica a originalidade da síntese operada por Albornoz e antecipa, com amargura profética, o destino da obra: “Lamento a entrada de poeta tão sensível quanto pessoal no ringue surrado de nossas letras fin de siècle”. Se O sono era contemplativo, Sol sem imagem (1996) é órfico. O poeta desce ao fundo da linguagem em busca do que existe antes das palavras, daquilo que as palavras simultaneamente revelam e ocultam. O Oráculo de abertura é programático: “Recorda e terás esquecido / Nada ocorre por acaso / Não há destino escrito”. A seção Os Nômades desenvolve uma das imagens centrais da obra de Albornoz Neves: a do deslocamento perpétuo como condição ontológica.⁵ “Será noite / E por não viver / à imagem de si mesmo // a arte de esquecer” – o nomadismo não é geográfico, mas existencial. O ambiente de Monolito e O taumaturgo é atemporal, helênico. A realidade se desdobra em camadas superpostas, como se o olhar penetrasse além das aparências. Fernando Py assim o recebe: “Pois é o fragmento aqui entendido não como a parte incompleta do todo, mas como uma forma perfeitamente acabada – não obstante de menor tamanho –, é esse fragmento o núcleo primordial da poesia de Thomaz Albornoz Neves. E aí nos deparamos com uma questão fundamental: uma poesia alicerçada sobre o fragmento não estará sempre correndo o risco de ser uma poesia incompleta ou até mesmo “menor” quanto à qualidade? A resposta estaria na capacidade de condensação do poeta, sua condição de exprimir o máximo com um mínimo de palavras sem perda da qualidade poética.“ O domínio formal e o reconhecimento crítico não coincidem com a experiência interior do poeta. Aos 33 anos, Albornoz publica “seu livro perfeito”, mas simultaneamente descobre que “algo dubla a sua voz”. A realização o levará ao mutismo. “Foi quando entendi que ele era um e eu outro”, escreve retrospectivamente em O capuz do olhar. A terceira pessoa não é artifício retórico, mas registro preciso de uma dissociação: o poeta que surge do poema tornou-se estranho àquele que o escreveu.⁶ Notas do Mare Nostrum (1997) Durante o inverno de 1997, retira-se para o chalé Mare Nostrum em Punta del Este – “com tijolo à vista e varanda para a Isla de los Lobos no eucaliptal de San Rafael” – e escreve as Notas do Mare Nostrum, texto que permanecerá inédito por três décadas, mas que representa o documento mais abrangente da sua “noite escura da alma”.⁸ As notas exploram os limites da consciência. Seu narrador mergulha em uma experiência quase contemplativa, onde a paisagem exterior se funde com o universo interior, dissolvendo fronteiras entre o percebido e o escrito. A narrativa se desenvolve em um fluxo de consciência, onde cada observação - do farol ao horizonte, das brasas da lareira às ondas do mar - serve como portal para reflexões sobre existência, tempo e percepção. O autor questiona constantemente a realidade, perguntando-se sobre a natureza do mundo e sua própria existência. A linguagem é fragmentada e poética, capturando instantâneos luminosos. Há uma tensão constante entre o efêmero e o permanente, entre o que aparece e desaparece, representada pela imagem do mar e do horizonte. No centro dessa meditação está a ideia de que a realidade é construída pelos sentidos e que talvez o mundo só exista através do olhar que o contempla. É um texto que desafia noções tradicionais de objetividade, propondo uma visão mais fluida e interconectada da experiência humana. Estas notas constituem um híbrido entre diário filosófico, prosa poética e ensaio fenomenológico.⁹ O retiro torna-se laboratório onde o poeta experimenta uma escritura em tempo real, sem mediação reflexiva. As páginas avançam através de um dia completo – “Antes do amanhecer”, “Tarde”, “Poente”, “Noite”, “Madrugada” – onde cada momento captado se desdobra em camadas sobre os acontecimentos. A inversão – não mais contemplar o mundo, mas flagrar-se contemplando – é recorrente: “O olhar é um ponto prismado pela paisagem. Está entre-mundos, o que está fora e parece dentro, o que está dentro e parece em lugar algum.” O tratamento do tempo aqui antecipa as explorações poéticas de Exílio (2008) e de Versos para poemas não escritos (2015): “Se só o presente existe, onde está quando não escapa? E se só existe em fuga, não está, não permanece. Na queda de areia, nunca há entrega plena, há apenas o que não é mais, o que passa.” O Diário de Golfe (1999) Entre as Notas do Mare Nostrum e o longo silêncio que antecede Exílio, Albornoz Neves escreve o Diário de Golfe, livro que escapa da literatura do gênero ao trazer um poeta no papel de golfista profissional trabalhando em alto rendimento. O volume opera dupla investigação. Primeiro, fenomenológica: as notas sobre a técnica do swing nunca estão dissociadas do seu estado de espírito e da natureza do Rincão da Carolina, a flora e a fauna mudando de acordo com as estações a cada dia de prática durante o ano de 1999. A segunda investigação é arqueológica:¹⁰ Se o treinamento o leva a escrever sobre o presente, a convivência com a cancha faz com que se interesse pelo passado em branco, sem registros históricos, do lugar. É através da memória de contados golfistas remanescentes dos anos 40 e das marcas deixadas no campo pelo antigo circuito, que Albornoz Neves resgata o mapa desenhado por Jose Maria Gonzales para o Armour Golf and Country Club, em 1915. Em um tour de force descritivo faz ressurgir tacada a tacada com o equipamento da época cada fairway centenário do Gonzales que ainda existe embaixo da cancha atual do Clube Campestre de Livramento. O tratamento no Diário contrasta com as Notas do Mare Nostrum. Onde estas experimentavam o presente em fuga, o golfe oferece experiência oposta: dilatação temporal através da atenção técnica. A percepção de como o foco altera a experiência temporal: “É ilimitado, infinitesimal, o que cabe no segundo e meio de um swing de golfe.” Albornoz desenvolve uma fenomenologia da concentração: “É estranho como não me sinto no corpo nem na mente ao bater na bola. Eu estou inteiro no swing”. Esta dissolução do eu na ação pura conecta o Diário tanto às tradições zen quanto às experiências poéticas de automatismo induzido. Exílio (2008) Durante quase uma década, o poeta desconstruiu meticulosamente a identidade literária construída ao longo de vinte anos. Quem ressurge em 2008 é, literalmente, outro. O livro tematiza a condição existencial do poeta contemporâneo, sua posição marginal na sociedade e sua relação problemática com a linguagem. Sob certos aspectos, constitui uma versão em versos das notas escritas no Mare Nostrum. Ivan Junqueira oferece análise deste livro, identificando duas características cruciais: “uma, de caráter estrutural, ou seja, a fragmentação do discurso; outra, de cunho expressivo (ou, se preferirem, formal), que se revela graças a uma certa espécie de redução do enunciado verbal que poderíamos chamar aqui de capsularismo aforismático.” O poema de abertura determina a dicção: “Campo adentro / Meu cão / na sombra do cavalo // Vazo o rumor do mar”. E o seguinte: “Pampa sem fim / Me torno / distância contemplada // E já não há distância”. A simplicidade aparente esconde uma complexidade sutil. Cada verso funciona como um haikai expandido, capturando um instante que contém, em potência como em Renée, toda a experiência. O “exílio” do título opera em múltiplas dimensões: geográfica, cultural e metafísica. A paisagem pampeana, que nos livros anteriores funcionava como cenário, aqui se interioriza completamente. O real se transfigura em vibração. O olhar não mais registra formas, mas ressonâncias. Como Albornoz observa em O capuz do olhar ao reler Exílio: “Aqui, a busca pelo poema perfeito / é posta de lado quase como se fosse um purismo”. O que emerge não é mais a ambição de criar uma obra-prima, mas a necessidade mais elementar: “Existir como um texto, bastar-se”. Versos para poemas não escritos (2015) Em 2020, Thomaz Albornoz Neves reúne 33 anos de poesia em À espera de um igual (1985-2018), volume em que publica, além dos livros de versos já editados, dois poemários inéditos: Versos para poemas não escritos, de 2015 e No Capuz do olhar, de 2018. À espera de um igual estreia a coleção da tan ed. Se em Exílio as estrofes fragmentadas ainda sustentam um poema em via de extinção, em Versos para poemas não escritos nada resta além do que cabe em uma ou duas linhas, nunca mais que três. A estética da essência na ruína. Nada existe em processo, tudo apenas acontece. O mundo é feito de instantâneas sem entendimento profundo ou busca de sentido. A disposição de anotar a qualquer momento, abrindo mão do retoque é o “modo de fazer” desta proposta. É uma forma de poesia em estado nascente, capturada no momento mesmo em que se articula. A mudança radical é consequência natural da crise anterior. Tendo perdido a capacidade de se reconhecer na própria obra, o poeta abandona qualquer projeto de construção identitária através da escrita. A poesia funciona não como revelação, mas como intensificação do enigma. No Capuz do Olhar (2018) No capuz do olhar funciona como uma summa da obra de Albornoz Neves. O poemário recolhe, interpreta e re-significa o sentido dos conjuntos anteriores. De acordo com Paulo Franchetti: “Começa este em primeira pessoa: “Deixei de ser poeta aos 33 anos, em 1996”. O poema seguinte ainda mantém o registro: “Nasci em Sant’Ana do Livramento”, mas termina com a proposição que dará a inquieta alternância de ponto de vista que virá: “Ao ler-me, ouço um estranho / que ao ser lembrado me oculta diante de quem o recorda”. O que vem a seguir é uma série de 34 poemas ou seções de um único poema (no total, são 36), em que o poeta fala de si mesmo em terceira pessoa, narra sua história, os acidentes e incidentes da vida e da obra, analisa-se, comenta-se, desdobra-se usando a primeira pessoa para falar de um ele, mas fazendo às vezes um giro rápido, projetando-se outra vez como um “eu” na matéria narrada. Como neste final do poema 19: “Amanhecendo, sai sem ser visto / Lembro também a claridade dura […]”. Temos aí um pouco de tudo: retrato do artista quando jovem, relato algo heroico algo despiciendo, flashes de vida que valem como símbolos, reflexão metapoética, autoanálise. Aqui não há cedência ao usual, glosa da preguiça, tributo aos patriarcas. É um discurso áspero, mas ao mesmo tempo próximo, como a voz de alguém que nos falasse com os dois pés fincados na terra do presente – aquela mesma que nos foge por entre as palavras e os hábitos herdados, aquela que temos tanta dificuldade de entrever, que dirá de conquistar. Aqui a pergunta de por que ele resolveu dizer isso em forma de poesia sequer se coloca. Impõe-se a voz poética como uma espécie de fatalidade.” Formalmente, o livro marca uma ruptura em relação aos Versos para poemas não escritos. Abandona os fragmentos breves, a estética do inacabado, a notação rápida do cotidiano. Em seu lugar, emerge um verso longo, de ampla respiração, discursivo no limite com a prosa. É como se, após anos de contenção extrema, precisasse de espaço para articular a complexidade de sua reflexão autobiográfica. O verso se distende para acolher não apenas a imagem instantânea, mas o desenvolvimento do pensamento, a análise retrospectiva, a meditação sustentada. Os poemas tornam-se ensaios em verso, onde a reflexão crítica sobre o ofício ganha corpo poético. A seção autobiográfica que se segue é reveladora não apenas pelo conteúdo, mas pela forma como este se organiza. Não é apenas questão de nacionalidade, mas de identidade. Os poemas finais exploram a natureza da linguagem poética. “A poesia não tem maior relação com as palavras / estou certo disso” retoma a descoberta das “notas”, mas agora com a autoridade de quem passou décadas explorando essa contradição fundamental. As palavras são “um meio rudimentar de transmissão de algo que está fora do alcance do pensamento”. O livro encerra com uma formulação que pode servir como chave de entendimento: “Há um sentido ali, mas não se sabe qual / Exceto que a perda nutre”. A poesia de Albornoz Neves nasce desta perda constitutiva, desta impossibilidade de coincidir consigo mesma. Oriente (2021) Com 771 páginas encadernadas em capa dura, Oriente (2021) reúne versões do Tao Te Ching, do Shin Jin Mei e do Hokyo Man Zai, além de uma antologia da poesia chinesa do séc. I ao XVIII, de poesia japonesa do séc. VIII ao XX, incluindo mais de 200 páginas de haikai. O ensaio introdutório, A tradução no escuro, estabelece os fundamentos teóricos desta empreitada. Albornoz articula uma filosofia da tradução que encontra eco na máxima de Wang Bi: “A palavra explica a imagem. Uma vez captada a imagem, esquecer a palavra. A imagem expressa a ideia. Uma vez captada a ideia, esquecer a imagem.” A metodologia de Albornoz é declaradamente heterodoxa. Assumindo sua condição de “poeta da fronteira com o Uruguai” que “desconhece os originais”, ele transforma essa condição em princípio estético. Suas versões, baseadas em traduções de diferentes idiomas, emergem através de um “processo especular” que mede “quando e onde os tradutores foram fiéis ou ousados”. A prática encontra justificativa na própria natureza da poesia chinesa clássica. Como observa Albornoz, “traduzir caracteres significa traduzir não de outro idioma, mas de outra linguagem”. A estrutura aglutinante dos ideogramas torna qualquer tradução “uma descrição do que seria o original”. Esta constatação liberta o tradutor da ilusão da fidelidade literal, redirecionando-o para a fidelidade poética. Sob certo aspecto, o projeto Oriente representa o amadurecimento das intuições multilíngues de Renée: se ali o jovem poeta descobria que sua voz podia habitar múltiplas línguas, aqui o tradutor maduro compreende que todas as línguas são traduções de uma linguagem anterior, silenciosa, que a poesia entrevê. 24 Verbetes (2022) 24 Verbetes (2022) reúne ensaios e traduções de poetas ocidentais do século XX – de Kaváfis a Martinson, passando por Seféris, Montale, Char, Brodsky e Heaney. À primeira vista, poder-se-ia tomar o volume por mais uma antologia de traduções. Seria um equívoco. O que Albornoz Neves oferece é um autorretrato oblíquo, uma cartografia das influências que moldaram sua sensibilidade poética através dos “anos de formação”. A nota introdutória do autor é esclarecedora: “cultivei o hábito de ler poemas estrangeiros criando variações imediatas apoiado em dicionários e nas alternativas oferecidas pelos trabalhos de tradutores que estivessem ao alcance”. Não se trata, portanto, de um trabalho filológico rigoroso, mas de uma pedagogia pessoal. O jovem poeta aprendia seu ofício não pela imitação direta, mas pela recriação. Montale, o mestre da concisão elíptica e da paisagem como estado de espírito. Char, o alquimista da linguagem. Éluard, o virtuose da imagem límpida. Cada um deles oferece ao jovem tradutor uma lição específica sobre o fazer poético. A questão central que atravessa todos os verbetes é formulada pelo próprio Neves: “Devo considerar casos na vida privada?” Referindo-se às contradições morais dos poetas que escolheu traduzir, Albornoz não usa essas informações para desqualificar a poesia, mas para compreender como a grandeza artística pode coexistir com falhas morais devastadoras. 24 Verbetes funciona, assim, como uma declaração de princípios estéticos disfarçada de antologia. O autor nos mostra suas afinidades, seus mestres, suas obsessões. Mais que isso: nos revela um método. A formação poética, sugere o livro, não se faz pela teoria, mas pela prática amorosa da leitura e da recriação. III Thomaz Albornoz Neves não se deixa classificar nas categorias habituais da crítica literária. Não é um poeta regional, embora profundamente enraizado em sua paisagem. Não é cosmopolita no sentido convencional, embora domine múltiplos idiomas e práticas poéticas. Não é experimental nem tradicional, embora tenha criado soluções formais próprias. Sua singularidade reside nesta capacidade de habitar os intervalos, de existir poeticamente entre. A condição fronteiriça, geográfica e cultural, revela-se apenas a manifestação exterior de uma condição ontológica mais profunda: a de quem existe naturalmente no limiar, no espaço indefinível onde as certezas se dissolvem. Sua voz nasce deste lugar indefinível. Do ponto de vista técnico, Albornoz Neves desenvolveu uma dicção depurada que alcança rara transparência. Sua linguagem permite às palavras desaparecerem em favor daquilo que designam. Seu poema não chama atenção para si mesmo. A influência da poesia oriental, especialmente chinesa, é perceptível mas assimilada. Albornoz Neves extrai de sua leitura uma técnica própria de captação do instante, adaptando tradições diversas sem perder características próprias. No contexto da poesia brasileira, não pertence a nenhuma geração ou movimento específico. Sua escrita desenvolve-se em paralelo às correntes dominantes, seguindo uma lógica interna que a torna ao mesmo tempo fora do tempo e contemporânea. Poesia que exige do leitor uma entrega especial, uma capacidade de atenção incomum em nossa época. Esta exigência é uma das suas características centrais. Demonstra que ainda é possível uma poesia do silêncio, da pausa, do não-dito e funciona como um contraponto de quietude em meio ao ruído pós-moderno. Em razão disso, consegue preservar a dimensão contemplativa da linguagem. Obra menor no sentido deleuziano: menor porque escava, no interior da língua maior, espaços de liberdade e invenção para dar a ver realidades mais sutis que aquelas que habitualmente reconhecemos. Livro a livro — dos ciclos narrativos de Renée aos ensaios de 24 Verbetes — a obra se refina na medida que avança. Em retrospectiva, o posterior ilumina o que lhe antecede, em uma arte de essências, ora ocultas, ora reveladas. *
Thomaz Albornoz Neves é um mestre na arte do fragmento. Bruno Tolentino
Sua poesia não perde tempo com torneados: vai direto à iluminação poética. Sim, foi o que me sugeriram seus poemas: Iluminações. Ruy Espinheira Filho
Poesia construída com finos traços e com silêncios. O texto é zen, quase mineral, quase casto, um despojamento. Provoca no leitor sorrisos diante de um poeta que, sabendo o que sabe, é sereno como uma montanha. Neide Archanjo
Poesia cristalina e misteriosa. José Paulo Paes
A poesia de Thomaz Albornoz aspira um estado não verbal da linguagem. (…) Poeta para poucos e, como poucos, não se entrega integralmente a uma primeira leitura. Ivan Junqueira
Sua força reside na busca de diferenciação, através da opção por um percurso que nada tem a ver com a tradição lírica nacional. Ricardo Vieira Lima
Uma voz íntima, mas quase sideral, imersa em um silêncio enorme. Rodolfo Alonso
Exílio: o poema quântico. Juva Batella
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Poesia:
Renée, plaquette, edição do autor (1987)
Sol sem Imagem (ed. Topbooks, 1996)
Exílio (ed. Movimento, 2008).
Integra, entre outras, a Antologia da Nova Poesia Brasileira (org. Olga Savary, ed. Hipocampo-Massao Ono, 1992), a Roteiro da Poesia Brasileira. Anos 80 (org. Ricardo Vieira Lima, ed. Global, 2007) e o Pequeno inventário poético da Fronteira Oeste (org. Vera Ione Molina, ed. Proa, 2014).
Monografia:
Um Certo Dante; Biografia do poeta Dante Milano, PUCRJ, 1996.
Prosa:
Golfe
Vol. I Diário.
Vol. II No Rincão da Carolina.
Desenhos:
33 Esboços (ed. Braguay, Sant’Ana do Livramento, 2017)
Filmografia:
Santa Ana dos Livramentos, Documentário 28″, 1990.
O Braço, Ficção, 12″, 1990.
Fotografia:
Fora de foco, Fotos privadas
9 paisagens
NOTAS
¹ A compreensão de fronteira como “categoria existencial, poética, epistemológica” dialoga com os estudos de Nestor García Canclini sobre “culturas híbridas” e as reflexões de Homi Bhabha sobre o “terceiro espaço”. Ver também os trabalhos de Gloria Anzaldúa sobre “borderlands” como zonas de criação cultural.
² A referência a Éluard e ao surrealismo “en bloc” deve ser entendida no contexto da “recepção brasileira do surrealismo”, estudada por Sergio Lima. Albornoz assimila o automatismo psíquico mas o disciplina através da experiência geográfica específica.
³ O projeto multilíngue de “Renée” antecipa questões centrais dos “Translation Studies”. Dialoga com os conceitos de Walter Benjamin sobre “tarefa do tradutor” e as reflexões de Antoine Berman sobre “tradução literal”.
⁴ O período formativo de Albornoz coincide com o momento de transição da “poesia marginal” para o que Heloísa Buarque de Hollanda denominou “pós-marginal”. Sua “terceira via” dialoga com contemporâneos como Carlito Azevedo e Régis Bonvicino.
⁵ A inserção de Albornoz na tradição pampeana deve ser contextualizada através da obra de precursores como Augusto Meyer, Carlos Nejar e Manoelito de Ornellas. A especificidade da “literatura gauchesca” diferencia-se do “nativismo” através da sofisticação técnica e da dimensão metafísica.
⁶ O fenômeno da despersonalização artística encontra paralelos na obra de Fernando Pessoa (“heteronímia”) e nas reflexões de Maurice Blanchot sobre o “espaço literário”. A terceira pessoa como registro de alienação dialoga com a “literatura do eu” contemporânea.
⁷ A dissertação sobre Dante Milano aplica os pressupostos do “construtivismo epistemológico” ao campo da biografia literária. Antecipa questões levantadas pelos “estudos de performance” e pela “crítica autobiográfica”.
⁸ A experiência de “noite escura da alma” insere Albornoz na “tradição apofática” que vai de Pseudo-Dionísio a São João da Cruz. Sua “via negativa” poética dialoga com o “misticismo secular” estudado por Charles Taylor.
⁹ As investigações temporais nas “Notas do Mare Nostrum” ecoam a “fenomenologia francesa”, particularmente Maurice Merleau-Ponty. A noção de “entre-mundos” ressoa com o conceito de “quiasma” e a “ontologia do sensível”.
¹⁰ A investigação histórica no “Diário de Golfe” pratica uma forma de “arqueologia foucaultiana” aplicada ao espaço rural. O método ecoa as investigações de Pierre Nora sobre “lugares de memória”.
BIBLIOGRAFIA
Obras de Thomaz Albornoz Neves
NEVES, Thomaz Albornoz. “Renée”. Edição multilíngue. Lavínio: [tan ed. 2023], 1989.
______. “O Sono”. Nettuno: Tipografia Artesanal Nettuno, 1990.
______. “Sol sem Imagem”. Rio de Janeiro, Topbooks, 1996.
______. “Exílio”. Porto Alegre: Movimento, 2008.
______. “No Capuz do Olhar”. in. À espera de um igual, Sant’Ana do Livramento: tan editorial, 2018.
______. “Oriente”. Sant’Ana do Livramento: tan editorial, 2021.
______. “24 Verbetes”. Sant’Ana do Livramento: tan editorial, 2022.
Traduções de Poemas do Autor
“Prometeo” n.36. Medellín, Colombia: org. Fernando Rendón, 1994.
“Sol sin imagen”. Trad. Rodolfo Alonso. Rio de Janeiro: Topbooks, 1996.
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